Um certo dia recebi uma ligação
de um senhor onde ele falava que estava doente e me esperava para acompanha-lo
ao hospital, que ficava localizado em outro Estado. Porém, infelizmente, não
pude atende-lo no momento em que me telefonou, eu estava em outra cidade e
estudava em outro país.
Mesmo assim muito pacientemente,
ele falou: “Tudo bem, vou esperar, mas quero que você esteja comigo”. Terminei
o que tinha para ser feito e me desloquei até a cidade de onde esse senhor me ligou.
Antes de ir pedi algumas informações
a respeito do que ele sentia e do seu quadro clinico geral. Ele me passou
algumas informações, me encaminhou alguns exames que havia realizado e detalhou
tudo que estava sentindo. Conversei com o meu superior e de forma muito técnica
me falou a real situação em que se encontrava aquele senhor. Ouvi atentamente
cada palavra, prestei atenção em cada movimento labial e cada detalhe que me
apresentava nos exames. Por fim agradeci e fui... Fui ao encontro do senhor que
havia solicitado minha presença para acompanha-lo.
Chegando em sua casa ele me
recebeu de forma muito calorosa e com um grau de carinho a mais do que o
normal. Em um breve conversa me informou o dia da viagem, que coincidia ao dia
da minha festa da universidade, mesmo assim fiquei calado, já que ele tinha me
esperado durante tantos dias para poder viajar e ir ao hospital.
Às vésperas da viajem, no sábado,
marquei uma sessão de fotos já que não realizaria no dia da festa da universidade,
pois estaria viajando com o Sr. Que tinha me telefonado. Enfim pegamos estrada,
mais de 6 horas de viagem de carro até chegar em PVH.
Lá chegando iniciamos a peregrinação
para realizar a ficha de entrada no Hospital de Amor, ser consultado, realizar
alguns exames, cirurgias e internações. Entre uma consulta e outra, retorno
para a casa que estávamos e as idas ao Hospital por conta das dores, mal estar
e vômitos, uma cirurgia e outra (ao todo foram 3 tentativas) não realizadas por
conta da gravidade da doença (CA) ele ia cada vez ficando mais debilitado, um
pouco impaciente mas nunca sem ESPERANÇA.
A cada procedimento realizado com
o resultado negativo os médicos me chamavam para conversar e explicar o porque
não tinha dado certo a implantação da bolsa de colostomia, colocar a sonda para
alimentação e/ou acesso parenteral. E a maioria das coisas eu estava sabendo
antes mesmo de sair da minha casa para viajar com ele até o hospital.
Da nossa chegada até o dia que
retornamos para o Acre não se passaram 30 dias pois a sua doença já tinha se
espalhado, estava com metástase no fígado, peritônio, fêmur e tinha começado no
cólon.
Recebemos alta no dia 7 de
janeiro de 2020, saímos de PVH pela parte da manhã quando foi as 16 horas e
alguns minutos do mesmo dia estávamos em Rio Branco em sua casa, local do seu
sonho materializado, seu lar, seu aconchego, sua paz. A exatos 9 dias após sua
chegada em Rio Branco ele fez sua passagem para o plano espiritual. Assim foi a
historia daquele senhor que me esperou leva-lo ao Hospital e que desde do inicio
procurei trata-lo como meu 1º paciente para ter forças suficiente e cuidar da
melhor forma possível, já que ele é meu PAI.
Durante todo o tempo que
enfrentou sua doença ele nos deixou várias lições, a principal delas que não precisa
temer a morte, e demonstrou a grandeza da sua fé, invés de nós familiares
conforta-lo ele que nos confortou.
Deixou um legado de Humildade,
Fé, Força de vontade e Esperança.