No inicio deste ano de Dois mil e quinze (2015), tive a
oportunidade de viajar com meus pais e namorada para o nordeste. Tirar as
famosas férias na praia saindo para barzinho, teatro, boates e shows no aterro
da praia. Coisas comuns que todos os turistas fazem quando viajam de férias
para qualquer parte do litoral brasileiro.
Até então tudo comum e normal, visitamos pontos
turísticos da capital cearense, tomamos banho de praia, nos confraternizamos
com outros parentes nossos que já estavam lá. Quando todos nós decidimos (tios,
pais, primos e eu), subir a Serra da Ibiapaba rumo à cidade de Tianguá. Local
onde atualmente mora meus avós paternos junto com minha tia Tatá.
Tianguá é uma das cidades que compõem a Serra da
Ibiapaba, e também local de grande importância na vida da minha família
paterna. Local onde meus tios e pai passaram parte da infância e
adolescência, realizaram suas
brincadeiras de criança, construindo carrinhos com lata de óleo e tampas de
garrafa, mas também local onde começaram cedo a trabalhar para ajudar nas despesas de casa.
Dando sequência a viagem em família combinamos de descer
a serra até o sertão, coisa que para eles era comum por que todas as vezes que
visitam a serra sempre tiram um dia de suas férias para voltar a suas origens,
mas para mim era novo. Quando meu pai na noite anterior chegou para mim e
disse: “Filho, amanhã vou levar você para conhecer o sertão para saber a origem
de seu pai e que nem tudo foi tão fácil como aparenta hoje em dia”.
Naquele momento fiquei muito emocionado e ansioso. Emoção
pelo fato de saber que o local para onde iriamos tem grande importância e valor
sentimental para meu pai. E ansiedade para conhecer logo e poder registar cada
momento daquela viagem em família e a viagem de “voltar” no tempo para conhecer parte da raiz da minha vida.
Acordamos cedo e saímos com destino ao sertão, após
descer ladeiras da serra passando por curvas e mais curvas chegamos. Primeira
casa onde paramos foi a casa de um dos compadres dos meus avós, padrinho de um
dos meus tios. Casa simples, de tijolo, com uma pequena criação de gado e
porcos e com uma plantação um tanto diferente que somos acostumados a ver na
nossa região amazônica, em meio às pedras em uma terra aparentemente infértil.
Dando sequência a viagem no, pude observar que todas as
casas sempre têm um ou mais porcos. A criação de porcos nas famílias significa
que não existe desperdício naquela casa, pois como é difícil conseguir algo no
sertão e o pouco que eles conseguem não pode ser desperdiçado. Outra
característica que consegui identificar nas casas das famílias sertanejas são
as tradições e respeito que há com os mais velhos e visitantes.
Ao chegar a uma casa, um pouco mais simples meu pai se
dirigiu até a mim e disse filho aqui que seu pai e tios nasceram e viveram o
início da infância. Para mim foi uma surpresa, ver aquela casa pequena com
apenas uma varanda na frente, ao entrar ver um vão com alguns sofás antigos,
dois quartos e no final a cozinha. A cozinha não é de ultima geração com
geladeiras, micro-ondas, fogão elétrico e todas essas tecnologias que
conhecemos hoje em dia.
Todas as cozinhas das casas tinham apenas um fogão à
lenha, um filtro de barro para colocar água, uma geladeira bem antiga apenas
para tentar conserva por mais tempo a carne para fazer a comida.
De todas as casas e pessoas que conheci naquele dia que
passei no sertão, nenhuma outra casa ou pessoa me chamou mais atenção que dona Antônia
Penaduba. Mulher carente de alma
guerreira, com casa simples, mas com riqueza que muitas pessoas hoje dia não
têm humildade e esperança, com muito esforço ela ajudou minha vó a cuidar dos
filhos.
E desta forma encerro minha viagem ao meu passado se
confundindo com meu presente. Valorizando ainda mais o que tenho e o que meus
familiares conseguiram, sabendo e reconhecendo o valor e o prazer que o
trabalho honesto, digno e suado da às pessoas que sempre batalharam para poder
crescer e melhorar de vida sem querer passar por cima de nenhum outro ser
humano.
Confira as fotos do Sertão:
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Berço da família |
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Sertanejo e seu Jegue |
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Fogão a lenha |
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Porco |
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Engenho desativado |
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Casa de Antônia Penaduba |
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Rosto Sertanista - Antônia Penaduba |
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Sustento |
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Sala de estar |
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Quarto tradicional de uma casa no sertão |
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Criação de Bode |